Zinave, Moçambique – Junho de 2025
Pela primeira vez em mais de 50 anos, Moçambique volta a acolher uma população reprodutora de rinocerontes negros — espécie criticamente ameaçada de extinção. Dez exemplares foram transportados com sucesso da África do Sul para o Parque Nacional Zinave, numa operação complexa e histórica que reforça o compromisso do país com a conservação da biodiversidade.
A transferência, coordenada em conjunto pelas autoridades de conservação da África do Sul e de Moçambique, com o apoio da Peace Parks Foundation, é considerada um passo gigantesco para a recuperação desta espécie em território moçambicano. Trata-se de um dos maiores esforços regionais de repovoamento de rinocerontes negros da atualidade.
“Estamos a testemunhar um momento raro e profundamente simbólico. Estes animais são um dos ícones mais ameaçados da fauna africana e o seu retorno a Moçambique representa esperança e responsabilidade”, afirmou Antony Alexander, gerente de programas da Peace Parks Foundation.
Antes de serem transportados, os rinocerontes passaram por uma série de procedimentos de segurança: foram sedados com precisão, submetidos à descorna (remoção dos chifres) para desencorajar caçadores furtivos, e alojados em caixas reforçadas para suportar a longa viagem de 48 horas desde o Parque Hluhluwe iMfolozi, na África do Sul.
Com a chegada dos novos habitantes, a população de rinocerontes negros em Zinave passa a superar os 20 indivíduos — um número considerado viável para garantir reprodução, diversidade genética e crescimento sustentável da espécie no ecossistema.
Essa ação faz parte de um projeto maior de rewilding no Parque Nacional Zinave, onde, desde 2015, mais de 2.500 animais de 16 espécies já foram reintroduzidos. O programa conta com o financiamento da Lotaria Popular do Reino Unido e visa transformar Zinave num santuário de vida selvagem e num polo de ecoturismo sustentável.
O regresso dos rinocerontes negros é mais do que um feito de conservação. É um símbolo do renascimento ecológico de Moçambique e da capacidade de reconstruir o equilíbrio da natureza com visão, cooperação internacional e persistência.

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