Segundo depoimentos recolhidos pela televisão privada STV, qualquer pessoa encontrada na via pública após esse horário corre o risco de ser violentamente repreendida. A Força Local, composta por elementos comunitários que apoiam a luta contra o terrorismo, é acusada de agir de forma autoritária, impondo castigos físicos e detenções sumárias a quem infringe a medida.
“Se a Força Local te encontra na rua, a culpa é tua. Se não tiveres B.I., ainda pior. Podes levar chamboco ou ser levado para a cela”, contou um residente local, denunciando a rigidez com que a medida está a ser implementada.
Durante a noite, o comércio local é forçado a encerrar, e as ruas ficam praticamente desertas, com vários acessos bloqueados por barricadas improvisadas. A presença da Força Local é constante e intimidadora, segundo relataram vários populares.
Embora alguns moradores reconheçam que a intenção da medida seja garantir segurança, especialmente tendo em conta o histórico de ataques terroristas na província, muitos clamam por mais liberdade e um ambiente menos repressivo.
“Queremos segurança, sim, mas também liberdade. Não somos prisioneiros. Deviam deixar as pessoas circular e divertir-se até a hora que quiserem”, lamentou um jovem comerciante, afetado diretamente pelas restrições noturnas.
A falta de uma comunicação oficial sobre a medida e a ausência de legislação clara alimentam o sentimento de injustiça entre os residentes, que afirmam estar a viver sob um regime de controlo excessivo.
Ativistas e organizações civis têm exigido que as autoridades intervenham para garantir que as ações das Forças Locais sejam feitas dentro dos limites legais e com respeito pelos direitos humanos, evitando abusos que possam agravar a já delicada situação social na região.
Mueda, como muitas outras zonas de Cabo Delgado, continua a enfrentar os desafios de manter a ordem pública num contexto de instabilidade, mas para os cidadãos, essa ordem não pode custar a liberdade e a dignidade.
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